Presidente da Aciu e empresários do ramo da indústria fazem balanço da pandemia e destacam suas perspectivas para o setor no segundo semestre
2020 foi um ano desafiador para todos os setores,
assim como para a indústria, que teve queda de produção, queda de faturamento,
dificuldades financeiras, falta de matéria prima, entre outras dificuldades.
Com a celebração do Dia da Indústria, neste dia 25 de maio, o presidente da
Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Uberaba – Aciu, Anderson
Cadima, e empresários do ramo, fazem um balanço desde o início da pandemia e
destacam suas perspectivas para o setor no segundo semestre.
“Quando esse pesadelo de pandemia começou, o estado
de calamidade levou todos a pensarem o mesmo: será que teremos um
desabastecimento? E o setor produtivo mostrou velocidade de resposta,
promovendo ajustes rápidos em suas linhas de produção a fim de atender as
demandas que o momento pedia”, explica o líder classista, Anderson Cadima.
Ainda segundo ele, a indústria tem feito sua parte para ajudar o país a
atravessar essa crise, que a cada momento se mostra mais aguda. “E na nossa
região, em especial na nossa Uberaba, não foi diferente. Nossos empresários
arregaçaram as mangas e enfrentaram a pandemia de frente”.
Cadima pontua que mesmo depois de meses muito
difíceis, por exemplo, o setor foi o que mais contratou em Uberaba no mês de
março, abrindo mais de 500 postos de trabalho no mês, de acordo com o Cadastro
Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O Ministério da Economia divulgou
os dados no fim de abril, referentes ao mês anterior. Segundo o Cadastro, foram
1017 admissões no setor da indústria, contra 507 demissões, gerando o saldo
positivo de mais de 500 empregos.
“Isso nos
conforta e indica que os dados da CNI - Confederação Nacional das Indústrias
estão com tendência de se confirmarem a partir do segundo semestre”, ressalta.
As projeções da CNI estimam um crescimento de 4% do PIB brasileiro em 2021,
ante uma queda de 4,30% em 2020. Especificamente para o setor industrial, a
expansão deve ser de 4,4% no mesmo ano segundo as mesmas projeções, ante uma
queda de 3,50% no ano passado.
Para Rodrigo Zerbini, presidente-executivo da CCM
Indústria e Comércio de Produtos Descartáveis, localizada em Uberaba, Minas
Gerais, o ano de 2021 tem se mostrado tão ou mais desafiador do que 2020. “No
ano passado nós tivemos que nos adaptar à rotina de pandemia, com muitas modificações
no processo de produção. Temos aproximadamente 550 trabalhadores diretos,
rodando em quatro turnos, 24h, então tivemos que alterar todo nosso
funcionamento, rever processos, estrutura física, tudo que envolvia circulação
de pessoas e etc. Isso demandou muito trabalho e custos também”, disse.
Já em 2021, Zerbini destaca que as dificuldades
surgiram de outra ordem. “O desafio do ano anterior era continuar rodando, com
segurança, preservando a saúde das pessoas, controlando o contágio e
abastecendo o mercado. Agora em 2021, além de manter tudo isso, ainda tivemos
uma mudança muito significativa na cadeia de matéria prima, os insumos tiveram
uma alta muito brusca. Para se ter uma ideia, um dos insumos do nosso processo
de produção teve uma alta de 130% em um ano. Isso impacta diretamente no custo
e a indústria não consegue repassar isso para o mercado. Esse prejuízo acaba
ficando para a indústria”.
O presidente-executivo destaca que apesar das
dificuldades, também vê boas perspectivas para o segundo semestre. “A indústria
está fragilizada, assim como vários outros setores. À primeira vista a pandemia
não afeta diretamente o mercado que trabalhamos, pois produzimos produtos de
primeira necessidade, mas ela afeta nosso mercado sim, indiretamente, pois ela
afeta o poder de compra das pessoas, a capacidade de renda, a base econômica do
indivíduo e aí ele compra menos ou deixa de comprar. A nossa expectativa e da
indústria como um todo é que esse cenário mude no segundo semestre, com o
avanço da vacinação e o retorno às atividades da população, consequentemente
com a geração de mais empregos e renda”.
Rozangela do Amaral Tavares, presidente do Sindicato
das Indústrias de Mármores e Granitos do Vale do Rio Grande e empresária da
indústria Dimarmo, sediada em Uberaba/MG, também se diz confiante com o segundo
semestre de 2021. “Nós iniciamos o ano já com a sensação de que viveríamos um
ciclo de recuperação, pois desde outubro os sinais eram esses. E agora para o
segundo semestre os indicativos são bem positivos. A demanda tem aumentado,
inclusive tivemos uma reunião com todos da empresa este mês para projetarmos
algumas mudanças operacionais, a fim de que possamos atender toda essa demanda
reprimida que está surgindo”, explica.
Ainda segundo a empresária, o seu setor, diretamente
ligado à construção civil, teve uma paralisação quase que imediata no início da
pandemia. “As pessoas não sabiam como seria a rotina com o coronavírus, o que
esperar do mercado, do governo, enfim. Mas logo em seguida, até mesmo pelo fato
de as pessoas estarem passando mais tempo em casa, as reformas e obras foram
surgindo e isso reflete agora no nosso setor. Nosso objetivo é recuperar o que
não conseguimos faturar em vários meses de 2020”, afirma.
Indústria x coronavírus: solidariedade no combate à
pandemia
Além de contribuir para a manutenção de muitos postos
de trabalho e da preservação da vida, Anderson Cadima pontua que a
solidariedade dos empresários de Uberaba, muitos do setor industrial, foi
essencial nos últimos meses. “A Aciu, entidade classista centenária,
representante do comércio, da indústria e do setor de serviços, mostrou mais
uma vez a força da união, do associativismo. Nós, como também integrantes da
SCO - Sociedade Civil Organizada, nos juntamos aos empresários para dar nossa
contribuição ao poder público no enfrentamento à doença. Temos atuado de forma
sistemática para dar nossa contribuição neste momento, tanto como empresários,
bem como entidade classista”, destaca.
Rodrigo Zerbini relembra que desde o início da
pandemia, a CCM fez diversas doações, além das que já faz habitualmente para
instituições filantrópicas, como a compra de medicamentos para intubação de
pacientes com Covid, doação de capacetes Elmo, entre outros produtos de
primeira necessidade. “Nós já fazíamos ações recorrentes, mas nós ampliamos
essas contribuições da empresa durante a pandemia. Nós sabemos que este é um
enfrentamento coletivo e desde o início nos colocamos à disposição da sociedade
uberabense para contribuir no que fosse necessário”, reflete.
Histórico
O líder classista relembra a história da Aciu com o
setor industrial. “Desde nosso fundador, Cesário de Oliveira Roxo, que a Aciu
trabalha junto às indústrias pelo desenvolvimento de Uberaba. Estamos perto de
completar 98 anos da nossa instituição e desde sempre as lutas pela ampliação
do nosso parque industrial e melhorias para o setor são pautas de nossas
reuniões”. Cadima destaca a participação da Aciu em importantes conselhos da
cidade, como Comdesu - Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social
de Uberaba (Comdesu). “Nossa instituição tem cadeira e participação ativa em
praticamente todos os conselhos que envolvem o empresário de Uberaba. Nosso
trabalho é defender seus interesses e buscar o progresso de Uberaba”.
O presidente destaca também a diversificação que o
parque industrial de Uberaba vem abarcando nos últimos anos. “Nosso histórico
industrial ligado ao agro é notório e temos muito orgulho disso, afinal somos a
terra do Zebu, temos grandes empresas de fertilizantes aqui, mas nos últimos
anos viemos acompanhando e trabalhando para que houvesse a ampliação do nosso
potencial fabril. Exemplo disso é a vinda do Grupo Petrópolis, recentemente da
empresa Crown Embalagens, uma das mais importantes fabricantes do Brasil de
latas de alumínio para bebidas. Nosso potencial é gigante e a Aciu atua
fortemente para a atração de mais investimentos para nossa cidade”.
Anderson ressalta, porém, a necessidade de melhorias dos distritos. “O sistema viário interno de vários deles precisam ser revistos e redimensionados, temos problemas relacionados à urbanização, melhoria da limpeza urbana, melhoria de infraestrutura para atração de pequenos empresários do setor de serviços, entre outros”. O líder classista também disse estar bastante otimista com os passos que têm sido dados no processo de implantação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Uberaba. "Recentemente foi conquistada a averbação da matrícula no cartório do Decreto Presidencial que define a área da ZPE em Uberaba. Esse foi um passo importante e agora a Prefeitura poderá dar andamento às próximas providências para a concretização da ZPE”, pontua.
Cadima enfatiza que a celebração do Dia da Indústria
é mais uma oportunidade para lembrar a importância deste setor para o
desenvolvimento do país, responsável por movimentar parte considerável da
economia brasileira.