Uma oportunidade para os pequenos
12/04/2004
Mônica Izaguirre Merece atenção e elogios o trabalho que o Banco do Brasil, no seu papel de agente de políticas públicas, está fazendo para inserir micro e pequenas empresas no comércio internacional. Perto de completar um ano de início de operações agora em abril, o Balcão de Comércio Exterior do BB já abriu caminho para que mais de 3.500 empresas brasileiras possam chegar a outros mercados. Até porque muitas delas são usuárias recentes, nem todas já fecharam negócio por intermédio do Balcão. Mas isso é questão de tempo. Ainda relativamente pouco conhecida entre os que podem se beneficiar dela, a ferramenta oferecida pelo BB, que nada cobra por ela, tem tudo para ser uma poderosa arma nas mãos de empresas que até então consideravam impensável a possibilidade de exportar. Seja pela burocracia envolvida, pela inexistência de escala suficiente para compensar custos, pela falta de canais de promoção comercial lá fora, entre outras razões comuns, os micro e pequenos empresários brasileiros em geral vêem o mercado externo como algo inatingível. O mérito da iniciativa do BB é dar-lhes oportunidade e meios de romper com esse "tabu". Com ajuda de uma pesquisa, o BB constatou que a escassez de crédito está longe de ser o maior empecilho na visão de dessas empresas. O que elas apontam como maior dificuldade é a falta de conhecimento sobre o processo de exportação. A grande maioria não tem a menor idéia de como fazer para vender fora do país. Com base nisso e na "expertise" que o fez líder no crédito a exportação, o BB desenvolveu e disponibilizou um sistema de comércio eletrônico que envolve desde a promoção comercial no exterior até o fechamento do câmbio. "É uma solução completa", que passa inclusive pela logística necessária para fazer com que a mercadoria chegue fisicamente ao seu destino, diz, orgulhoso da "cria", o vice-presidente de assuntos internacionais da instituição, Rossano Maranhão Pinto. O sistema foi concebido para aproveitar as facilidades permitidas, desde 1999, pela Receita Federal e pelo Banco Central no caso de exportações de até US$ 10 mil (declaração simplificada). Por isso, esse é o limite dos negócios firmados no âmbito do Balcão. O teto é por operação. Nada impede que uma empresa habilitada faça várias operações de US$ 10 mil, inclusive num mesmo dia. Desde que seja séria, com nome limpo, tenha uma conta bancária e limite de crédito, por menor que seja, no BB, qualquer empresa pode se habilitar ao uso do Balcão de Comércio Exterior. Assim, ela é incluída na sala de negócios internacionais do banco, um ambiente virtual de exposição de produtos dentro do portal do BB e por intermédio do qual importadores habilitados em diversos países podem fazer encomendas. No final de março, o número de importadores cadastrados já estava em 801. Além de câmaras bilaterais de comércio, entre as parcerias conseguidas pelo banco para fazer a divulgação da sala está o importante International Trade Center (ITC), ligado à Organização Mundial do Comércio e às Nações Unidas. No site do ITC, acessado por potenciais compradores do mundo inteiro, há um link para a sala virtual do BB. Balcão do Banco do Brasil ajuda a exportar Feita a encomenda, o exportador tem 96 horas para responder se vai ou não atender o pedido. Se a venda for confirmada, a critério da empresa, o sistema aciona ou os Correios ou a Federal Express, parceiros escolhidos pelo BB para cuidar da logística de captação e entrega das mercadorias. Ambas firmaram compromisso de dar desconto de 50% sobre seus preços para usuários do Balcão. Um desconto que só grandes exportadores conseguiriam. A tecnologia utilizada permite ao pequeno exportador não só fechar o negócio, mas também o câmbio pela internet. Ele ainda pode acompanhar "on line" todo o processo pós-venda (saber, por exemplo, em que etapa se encontra a entrega do produto). A documentação necessária à exportação, inclusive a "commercial invoice" (nota fiscal internacional), é emitida pelo próprio sistema. Ao atuar como custodiante de pagamentos antecipados, o BB reduz riscos para comprador e vendedor. O importador paga antes. Mas a operação de câmbio e a liberação dos recursos para o exportador só ocorre depois que a mercadoria é entregue no destino. Para expor fotos e informações sobre seus produtos e acompanhar o andamento das operações, cada empresa habilitada no Balcão ganha um "site" dentro do portal do BB na internet. Das cerca de 3.500 já habilitadas, só 175 já tinham site antes. Portanto, o esforço empreendido pelo Banco do Brasil está se revelando também um trabalho de inclusão digital de micro e pequenas empresas. Os técnicos em comércio exterior do banco se encarregam de codificar os itens oferecidos pelo exportador de acordo com normas internacionais. O banco não cobra nada por isso. A inclusão e manutenção da empresa no portal do BB e o uso do sistema são gratuitos. Fora o custo do transporte, que não é um serviço prestado pelo BB, o exportador só precisa pagar a tarifa da operação de câmbio (US$ 20,00), custo que já teria mesmo sem usar o Balcão. Maranhão assegura que, por usar uma estrutura que já tinha, o BB não tem prejuízo com o Balcão de Comércio Exterior. Ao contrário, aposta nele como um instrumento de reforço de laços com esse segmento da clientela, que passa a usar mais outros serviços do banco. Os ganhos para o BB podem não ser imediatos, mas existem, assegura. Nos oito meses em que funcionou em 2003, o Balcão de Comércio Exterior foi canal para 193 operações de exportação. Só no primeiro trimestre deste ano foram realizadas mais 122, o que leva Maranhão a acreditar que serão fechadas mil em todo 2004. As operações já realizadas somam aproximadamente R$ 1 milhão. Sob o ponto de vista de geração de saldo comercial para o país, isso é quase nada. A importância da iniciativa, porém, é de outra natureza. Trata-se de um belo trabalho de geração de emprego e renda, a partir da oportunidade de diversificação de mercados e, portanto, de fortalecimento para micro e pequenas empresas. Fonte: Jornal Valor Econômico Data: 12/04/2004
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